Nova versão do simulador da EA Sports captura com perfeição a essência do esporte nos consoles. Ponto baixo fica por conta da falta de narração em português
Como um grande time de futebol, a sorte de “FIFA” teve altos e baixos em suas quase duas décadas de história. Em algumas versões ganhou recursos que levaram a série a novos níveis. E por outras vezes as coisas não deram muito certo e ficamos com um jogo que nos apontava um potencial que não foi aproveitado.
Mas dessa vez “FIFA 12”, que chega em 6/10 ao Brasil, está parecendo um campeão por completo. A chave para o seu sucesso pode ser encontrada em três novidades que não são recursos principais por si só, mas que quando todas se juntam entregam algo maior do que a soma das suas partes.
A primeira delas é o mecanismo chamado Impact Engine, que aprimora as animações e ajuda o game a saltar de jogadores com animações “enlatadas” para jogadores com reações dinâmicas e mais verdadeiras. Num exemplo, o game tenta apresentar as colisões entre os jogadores da forma mais realista possível e geralmente consegue fazer isso com sucesso.
Ocasionalmente acontecem algumas coisas estranhas, e muito provavelmente você já viu alguns vídeos no YouTube com “encontrões” entre os jogadores. Mas de forma geral este recurso funciona bem e dá ao jogo um novo nível de realismo. O Impact Engine também não é um recurso puramente estético: o elemento aleatório das colisões e a maneira como a bola agora viaja de maneira realista cria um nível de imprevisibilidade que torna o jogo muito mais parecido com a vida real.
O recurso Precision Dribbling (algo como Drible Preciso) é outra novidade que, nas mãos de um especialista e quando usada por um jogador com habilidade, pode adicionar movimentos solo talentosos capazes de abrir defesas e criar espaços para você passar. Desde que você esteja usando-o corretamente, é claro. Use-o de maneira errada você irá se chocar com um zagueiro e ficar parecendo um idiota enquanto desaba no chão.
A combinação do Precision Dribbling e da Impact Engine dá ao game um pouco de espaço extra para os especialistas crescerem – você pode realmente jogar uma partida bonita quando ficar craque no "timing" do game. Mas o mesmo sistema também te permite jogar uma partida bastante feia fisicamente, e deixa os jogadores longe da bola se o seu timing for ruim. Ou qualquer coisa no meio disso tudo, dependendo das circunstâncias.
A última novidade brilhante do jogo é o recurso Tactical Defending (Defesa Tática, em tradução livre), que vai decretar como sua equipe se move coletivamente. Leva um pouco de tempo para se acostumar antes de conseguir tirar o máximo proveito, mas gostei muito mais dela do que do sistema usado em “FIFA 11”. Para mim, mesmo em um nível básico, parecia que meus jogadores estavam um pouco mais inteligentes do que nas versões anteriores de “FIFA’ em termos de fechar os espaços e cobrir os adversários. Não é algo completamente perfeito – algumas vezes fiquei bravo gritando à toa com a TV por causa de jogadores fora de posição – mas funciona bem de forma geral.
Os três novos recursos de “FIFA 12” se combinam para capturar as sutilezas de um jogo de futebol como nunca foi feito antes. Alguns fãs "das antigas" de “FIFA” podem achar essas novidades um pouco irritantes – porque adicionam um pouco de incerteza ao game – mas gostei bastante delas.
Não é preciso dizer – mas vou falar mesmo assim – que “FIFA 12” se sai muito bem em termos de efeitos sonoros, trilha sonora (inclusive com bandas brasileiras!), gráficos e apresentação. O jogo parece extremamente realista: os jogadores se movem lindamente e a maioria deles é facilmente reconhecível. Os únicos momentos em que a qualidade sofre uma queda são nos gráficos de fundo e das arquibancadas, onde ocasionalmente faltam mais detalhes e definição. Mas isso é coisa pequena que não tira o brilho do game. Em termos de áudio o jogo dá um show e realmente parece uma transmissão oficial, sendo que a maior baixa continua sendo a falta de narração em português, ponto onde o rival “PES 2012” mandou muito bem ao mais uma vez trazer a dupla de comentaristas Silvio Luiz e Mauro Beting.
Obviamente, “FIFA 12” traz todos os times em que você possivelmente poderia pensar – e provavelmente muitos outros que nunca passaram pela sua cabeça (apesar de nem todos os times brasileiros terem sido licenciados, mais uma vez). Sua apresentação geral é agradável e bem criada, e há um útil modo tutorial que te ajudará a melhorar as habilidades básicas se você estiver um pouco enferrujado. A variedade de modos de jogo também é impressionante, desde torneios locais e ligas até desafios online e modos carreira que te manterão jogando por meses.
Todo lançamento de “FIFA” é um evento celebrado mundialmente, mas essa nova edição parece trazer algo de especial. Claro, suas raízes estão claramente no passado, mas a maneira como sua jogabilidade está agora moveu o game para frente em um nível realmente fundamental que você poderá sentir quase que imediatamente – e que , no entanto, demorará algumas semanas para se apreciar totalmente. Em meu caso, quanto mais eu jogo, mais interessado fico – porque continuamente sinto como estou ficando melhor no jogo, não apenas em termos de habilidade, mas por também poder desenvolver meu próprio estilo de jogo. Isso torna o game extremamente recompensador e viciante, e também ajuda a torná-lo totalmente pessoal.
“FIFA 12” é definitivamente um game de esportes que entrará para a história. Não apenas por ser o melhor jogo de futebol que já vimos, mas por ser também uma aula de como capturar a essência desse esporte.
Nota: Este review foi feito com base na versão do game para Xbox 360. O jogo também terá versões para o PlayStation 2, PlayStation 3, Wii, PC e iOS (iPad/iPod/iPhone)
Fonte: Pcworld